segunda-feira, 5 de maio de 2014

Crônica nº 5: Overkill

Meus pais sempre me disseram como é bom "deitar a cabeça no travesseiro e saber que o dinheiro vai chegar na conta". A tal da estabilidade financeira. Nascidos em meio a ditadura e pertencentes a "geração perdida" de 80, eles passaram pela hiperinflação, pelo Plano Real e a nova "prosperidade" pós governo Lula.
Não os culpo, o mundo era um caos mesmo. E o pior, está voltando a ser um caos.
Eu sinto ares de mudança. Vejo uma Europa quebrada, insatisfação civil em todas as nações, a internet e a tecnologia mudando cada vez mais as nossas vidas. É inacreditável lembrar de como era um celular quando eu tinha 5 anos, em 2000.
Tudo que eu achava certo, tudo que meus pais ensinaram pesa a minha consciência. Mas por quê? Porque eu quero outra coisa.
Meu coração bate mais forte, um desejo me domina quando vejo relatos de pessoas que vão atrás do que amam, que não querem grandes cifras no banco e um carrão, mas vivem com conforto. Eu nunca fui materialista, nem sonhei em ser riquíssima, mas parece que isso é errado.
Meus pais, parentes e amigos lutam dia após dia pela estabilidade financeira, o celular mais moderno, o aplicativo novo, o carro com aquilo,a TV com isso, coisas,coisas,coisas... Dinheiro.
Todo tempo me fazem pensar que preciso de dinheiro, certo, garantido, chegando todo mês na minha conta. Sem surpresas.
Eu quero ser artista, e isso não dá dinheiro.Quero fazer História, mas também não dá. Queria fazer psicologia, e diziam que eu ia ser pobre. Tudo que não tenha Matemática,Química,Física ou Biologia não dá dinheiro. Me pergunto então como todas as outras pessoas vivem, como pagam as contas,saem,viajam, se divertem. Somos todos uns miseráveis?
Tudo custa caro: Uma caneta com design diferente custa quase 5 reais, esse era o preço que minah mãe pagava por um McLanche Feliz. Completo.
Roupas com preços altos e qualidade mediana, restaurantes caros com um serviço a desejar e sabor insosso, filmes que mostram mais do mesmo, transporte lento e ineficiente, violência. Tudo parece conspirar para que fiquemos em casa comprando coisas e trabalhando para ganhar mais e mais. Eu vejo o preço das coisas, o tempo todo, e eles me dizem o tempo inteiro para desistir dessa ideia absurda de seguir Humanas e garantir um emprego público como Farmacêutica como todos os meus colegas de técnico querem. A cada aula eu morro um pouco, sinto-me violada, abusada intelectualmente, espancada, surrada. Saio da escola como quem sai de uma guerra, tentando encontrar motivos para resistir só mais um dia.
Decoro fórmulas que nunca mais vou usar, aprendo leis e nomes de enzimas e organelas e funções, coisas que ocupam espaço e tempo.
"Só mais um dia,mais um dia e estará tudo terminado..."
A vida não é tão difícil assim,eu sei que não. Esse fardo contínuo não pode ser o propósito de estarmos aqui.

Eu quero pegar o facão e cortar a mata, abrir o meu caminho, seguir as pegadas de alguns e olhar mais longe. Eu não quero uma vida comum, mas eu quero estabilidade.

Eles pensam que eu não sei, meus pais. Eu sei que não era isso que vocês queriam pra mim: uma artista,uma professora de História, uma louca, hippie,feminista. No fundo,vocês me apoiam porque me amam e querem que eu seja feliz, mas esperam o primeiro deslize para me colocar no colo e repetir todos os seus ensinamentos sobre vida estável,emprego público e casa própria.Vocês são meu porto,meu lar, mas um dia desaparecerão.

Eu preciso acreditar no meu caminho,nos meus planos;usar as minhas habilidades no que eu amo, sentir que o esforço vale a pena. Nesse ano de 2014 eu vou aguentar muita coisa que eu detesto, só para conseguir o que eu quero.

Em 2015 faço 20 anos e digo chega, nada de técnico, de exatas, de gente me dizendo que estou perdendo uma grande oportunidade. Eu vou fazer as minhas oportunidades.

terça-feira, 1 de abril de 2014

Crônica nº4: "Eu penso em Dean Moriaty"

Uma Bíblia. Um mito.Um livro.Quando vi aquele exemplar de "On the road" na biblioteca, como que me chamando, não poderia escolher nenhum outro para "debutar" minha exploração àquele lugar.
Antes de lê-lo eu sabia todo o misticismo e o peso que aquele livro carregava, mas não sabia que seria algo tão forte e incompreensível,mas ao mesmo tempo claro. On the road busca seus desejos mais profundos de juventude quando narra com a voz de Sal Paradise suas viagens com um único objetivo: Buscar AQUILO. O livro diz o que AQUILO significa, mas é mais, muito mais e não consigo exprimir em palavras e não vou parafrasear o nobre Dean. Ah,Dean Moriaty, de longe o ser mais doido e vibrante que conheci no mundo da literatura, e o mais louco de tudo isso é que ele foi real. Por vezes eu achei que Sal estava agindo como o narrador de "O Grande Gatsby", ambos tem aquela idolatria e admiração por seus amigos, e não conseguem separá-las dos fatos reais. Talvez Sal - Jack Kerouac - tenha romanceado demais Den - Neal Cassady -, muitas vezes comparando-o a um Deus.Mas Dean era mais do que um simples homem,isso tenho certeza.
No prefácio há citações de pessoas famosas que foram influenciadas profundamente pela história, como Bob Dylan que fugiu de casa após terminá-lo, Jim Morrison que decidiu fundar o The Doors, e muitos outros. Foi a bíblia da geração anos 60 e 70, minha geração favorita. Mesmo com todo o consumo excessivo de drogas - o que não me atrai - aquela aura,aquela energia ,a vontade de trilhar um caminho novo,diferente de tudo que já foi feito,a busca incessante por AQUILO: numa transa, num cigarro,numa viagem de carro. No fim das contas não interessa encontrar,mas sim o caminho que tentamos percorrer para em vão, alcançá-lo.É mudar as regras, fazer do seu jeito, botar a cara no mundo sem ter ideia do que vem pela frente. Como Dean sempre diz: "Vamos absorver ao máximo isso ,cara!E então vamos partir!"
Vamos absorver e absorver,nos embriagar,enfrentar a ressaca e então partir para novos desconhecidos, novas experiências esperando para serem tragadas e internalizadas na nossa história.

sexta-feira, 17 de janeiro de 2014

Crônica nº 3 : Se você não for pra balada, vai morrer solteirona e virgem.



Pergunto-me como as pessoas viveram antes da balada... Mentira, eu sei a verdade, mas é desse modo clichê que geralmente começam os textos sobre coisas modernas. 

Desde que atingi a “gloriosa maioridade”, que nada me mudou além de ter que tirar outra identidade e ser obrigada a votar esse ano, esse assunto de balada veio com mais força:“Precisamos sair! Ir pra balada, beber, pegar gente!”.Eu, mera mortal, recém-chegada ao mundo dos “jovens-adultos” sempre escuto isso quando reclamo do tédio da vida. Parece que quando você tem dezoito, não há mais nenhuma justificativa para que não queira ir pra balada beber drinks cujos nomes são maiores que a dose, fazer aquela dancinha meia boca na pista, apenas esperando que um cara que você nunca viu e nem vai ver outra vez comece a te agarrar. 

Não, obrigado.

Eu já passei por isso antes, e foi em algumas festas de 15 anos. Eu me diverti horrores em muitas delas, dancei até meus sapatos me matarem, e depois dancei descalça. Não estava nem aí se eu dançava esquisito, se estava feliz demais, se tinha algum carinha me olhando... Bom, eu deveria ter prestado atenção sim, mas fazer o quê? E agora com eu tenho a chance de reviver os momentos bons de dançar como se não houvesse amanhã, mas não significa que quero gastar meu rico dinheirinho em qualquer festa que acontece, sei lá, três vezes no mês! Tem que ser um lugar que toque música legal, pois é pra isso que estarei lá. Se você vai pra encher a cara ou tirar o atraso aí é contigo, não te condeno não, é só que ficar cinco horas ouvindo “tuntz tuntz” sóbria não é legal.

Agora vamos ao título desta crônica. Para muitas pessoas que eu conheço, inclusive próximas, se você não for à balada não vai encontrar o cara da sua vida. Na verdade, se você ficar em casa em vez de praticar uma vida “solteira casual de pegação” está perdendo sua preciosa juventude, é uma romântica esperando o príncipe encantado, e vai morrer sentada no sofá.Pode me chamar de velha, “old school”, “antiguinha” ou “atrasada” [ou até de baranga, mal-amada, sei lá o q esse povo diz], mas eu não vou beijar um cara só porque ele é bonito, veio falar comigo, pagou uma bebida [ou nem isso] e tem um papinho legal. Isso lá é razão suficiente pra eu sair metendo a língua na sua boca? Eu nem te conheço!
 “Essa coisa de relacionar beijo com sentimento e muito extremista, você tá perdendo a oportunidade de experimentar coisas legais, de curtir sem ter envolvimento nenhum”.
 Sim, eu estou superestimando um ato que hoje é banal, e nem estou falando de sexo, vejam bem! Quando eu saio, quero conhecer gente nova, aumentar meu círculo social, interagir, sabe? Se eu conhecer alguém que me interesse, vou tentar desenvolver as coisas com a pessoa, ver se rola um clima... Aí a coisa é diferente, pelo menos pra mim.

Meu caro ninguém, eu vou sair pra uma festa, botar a minha roupa mais bonita, exibir meu melhor sorriso, ficar sóbria pra aproveitar todas as músicas que tocarem [e porque não sou tão amiga do álcool assim] e pronto. Não quero a pressão de achar que o cara ali com Halls preta na boca andando na minha direção é a minha chance dourada de “aproveitar a juventude” , “ser moderna” e “não morrer solteira”.

quarta-feira, 1 de janeiro de 2014

Crônica nº2 : Eu sempre quis andar de skate.

O ano começou oficialmente hoje, mas 2013 já tem cara de passado distante pra mim. Até a passagem foi esquisita: não teve contagem, bebemos Guaraná em copos de vidro sem pé, quando me dei conta o 00:00 estava lá,sem avisar. Será que isso significa alguma coisa?
Um amigo meu costumava dizer que a zero hora era mágica, ficávamos noites online no MSN esperando aqueles quatro zerinhos aparecerem e aí íamos dormir. Não me lembrei desse fato na hora, mas senti a magia do ano começando quando olhei o relógio do notebook.Esse ano veio na espreita, e já chegou chegando,sem ninguém ter que anunciar.Um ano de atitude, que exige atitudes da minha parte também.

Falando em atitudes, no dia 30 eu fui ao cinema sozinha pela primeira vez, um feito que até então eu adiava, por medo de que fosse tedioso. Cada vez mais estou aprendendo a curtir minha própria companhia,e o filme escolhido não poderia ter sido melhor. "A vida secreta de Walter Mitty" me fez sair do cinema pensando em todas as coisas que eu quero fazer mas,por algum motivo bobo,ainda não fiz.Eu sou muito Walter, também fico "fora do ar" inúmeras vezes, pensando em "como seria" em vez de viver de verdade.Então, juntando a inspiração do filme com esse 2014 que chegou na surdina, decidi fazer tudo que eu sempre quis!

Abaixo vai uma pequena lista das que espero conseguir  vou me esforçar pra realizar esse ano:

1- Andar de skate: Mas é andar de verdade, de carve. Como aquelas garotas que aparecem na televisão, descendo a colina, com os cabelos ao vento e as pernas torneadas;

2- Aprender a nadar: Quando era pequena, me matricularam várias vezes na natação, e elas só serviram pra que eu me traumatizasse totalmente. Chega de traumas!Esse ano eu vou pular na água e sair dando braçadas corajosas!

3- Convidar alguém pra sair: Eu sou do tipo "me apego ,mas não pego"  e essa situação já tá mais do que insuportável! A pior coisa que pode acontecer é eu levar um sonoro "não", e é melhor que isso aconteça antes de eu começara a gostar de verdade da pessoa.

4- Não cortar o cabelo: Tenho um tique de cortar o cabelo sempre que ele começa a ficar "legal".Essa é uma promessa que carrego do ano passado, estou desde março sem cortar o cabelo, após uma desastrosa - e última - experiência com tranças. Esse cabelo aqui só vai ver tesoura na minha formatura do colégio, em 2015.1!!
5- Passar o Reveillon fora de casa (e sem meus pais): Já estou cansada de passar o ano novo na base do churrasquinho + show da Virada. É deprimente! Quero dar as boas vindas a 2015 plenamente realizada, e fechar 2014 com a quebra de todos os meus dogmas e rituais anuais.

6- Manter meu blog de quadrinhos (e progredir): 2013 me abriu para o real mercado de quadrinhos no Brasil, e se quero fazer parte dele é melhor começar o quanto antes!2015 é ano de FIQ, e nesse intervalo entre FIQ's quero progredir absurdamente!

7- Passar para Artes Visuais na EBA: Meus caros, esse é o objetivo do meu ano. Romper de vez com o mundo confuso de exatas e me jogar nas artes,"fazer o que amo e amar o que faço".Fui bombardeada com essa ideia no ano passado,vendo várias experiências de pessoas felizes,e eu quero essa felicidade pra mim também.

Tem outras coisas na lista,mas essas são as principais. Sempre que eu me esquecer dos meus objetivos, vou colocar a música inspiradora do Walter pra tocar e me lembrar de por que estamos aqui:



terça-feira, 24 de dezembro de 2013

Crônica nº1: O Natal que nós conhecemos.





24 de dezembro de 2013. Eu acordei de um jeito diferente.Não neva aqui no Rio de Janeiro, não saímos ás ruas pra fazer um enorme boneco de neve ou cortar um pinheiro pra enfrentar a árvore. Pessoas não batem à minha porta pra cantar canções natalinas, mas em todo lugar que eu vou escuto a voz da Simone dizendo "Então é Natal...". Acho que as vendas dos CD's dela aumentam consideravelmente nessa época do ano.

Meu Natal começa muito antes de dezembro;depois do Dia das Crianças eu fico apenas esperando a Leader soltar a propaganda "Já é Natal na Leader Magazine...",ano passado ela resolveu dar uma "roupagem nova" e não agradou, pelo menos alguma coisa tem que se manter fiel.Após anunciar pra quem quiser ouvir que o Natal tá chegando, começa o súbito aumento dos preços dos produtos.As coisas duplicam,até triplicam de preço,acontecem diversos lançamentos de cd's,gadgets,brinquedos, qualquer cacareco que possa ser vendido. Eu,como boa "filha-do-pai",ia esperar janeiro e fevereiro pra comprar.O grande problema de fazer isso é que é muito difícil encontrar algo realmente bom,só tem as pontas de estoque,as coisas legais estão em falta e vc tem que ficar garimpando o tempo todo. Acho um saco andar a esmo no shopping, e agora que descobri a vida de compradora on-line, só vou comprar ao vivo em casos de necessidade.Comprar é o motivo principal do Natal. Esqueça um pouco o Papai Noel e o Menino Jesus. O que interessa é ganhar presente,e pra ganhar presente bom, você tem que dar um presente bom [assim espera-se].Tem os que preferem dar/receber lembrancinhas que possam ser repassadas naquele aniversário zica que você não faz ideia do que presentear :prepare-se pras meias,sabonetes,perfumes nada a ver da Natura,essas coisas.Shoppings lotados são uma consequência, mas quem precisa de shopping com compras on-line?

Outro problema no Natal são as crianças. Não interessa se ela acredita ou não em Papai Noel , elas querem aquela coisa linda-fofa-maneira-supercara que apareceu na televisão massivamente nos últimos dois meses [malditos lançamentos!]. Me lembro de um Natal que eu queria  a Susi Mergulhadora.Ela era articulada,vinha com equipamento de mergulho e só. Foi um prazer inigualável ganhar "aquela" Susi,mas,no final,era só uma Susi com apetrechos.Não faço ideia do quanto tenha custado, mas sempre penso nela nessa época de Natal. Ainda a tenho,sem todas aquelas coisas,obviamente,mas está intacta [não passou pela minha fase "cabeleireira"].As crianças são exigentes,os pais se endividam e os brinquedos muitas vezes não duram nem 1 mês.Isso é um fato,a culpa não é do Natal,ou da mídia. É de você que não diz "não" pro seu filho.
Eu ganhei a Susi,mas nunca ganhei a casa da Barbie e não fui pra terapia. Não por isso.

Duas coisas não mudaram pra mim durante os anos: amo ver os filmes de Natal e ganhar livros de presente. Ao contrário do especial de Páscoa, eu adorava assistir ao antigo Cartoon Network [R.I.P] o dia todo no especial de Natal. Passava desenhos específicos dos meus cartoons favoritos, o filme do Grinch, Christmas Carol e outros que não lembro. Tenho medo de ligar a TV no CN hoje e me decepcionar, mas vai que me surpreendo?Não vou falar de Especial Roberto Carlos na Globo porque Natal não é só coisa ruim,mude de canal ou vá por o disco da Simone.
Eu amo livros, isso não é novidade.Esse ano decidi o que fazer da minha vida então comecei a colecionar quadrinhos.Nunca comprei tanto quadrinho de uma vez,e ainda quero mais.O "espírito capitalista de Natal" e os preços "baixos" na internet estão conseguindo me seduzir. A alegria de receber um livro que você tanto queria, rasgar o plástico, cheirar e cheirar [aficionados entenderão] e depois saborear ávidamente cada palavra deve ser melhor do que qualquer droga natural ou sintética.Essa época é uma ótima oportunidade de fazer aquela lista amiga bem carinha [com todos os livros que você não tem coragem de comprar do seu bolso,mas que o parente não precisa saber] pra ajudar os "indecisos" que dizem que você é uma pessoa "difícil de presentear".Me deem livros,ora!Se eu não gostar,eu troco!

Quando chega a noite de Natal,com a mesa posta, a família reunida, a musiquinha natalina,a árvore lotada, eu consigo sentir uma "pontinha" de felicidade.Num pequeno instante eu me engano e penso "é assim que um Natal deve ser","cheio de amor e ternura,fartura,alegria e presentes".Mas não adianta ter a melhor rabanada, o pisca-pisca mais brilhante e o maior nº de presentes se você não sentir o "amor" de verdade entre os que estão a sua volta. Não estou dizendo que todos se odiavam na minha casa,longe disso. Mas aquele ritual parece tão mecânico que não sei se os sorrisos,as piadas e conversas são genuínas ou apenas "parte do pacote-Natal".Daqui a alguns anos, com meus próprios filhos, vou querer um Natal com neve,pinheiro,rabanada,cantatas,presentes,boa vontade e ,acima de tudo, muito amor.